terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Quanto tempo demorou o meu tempo em-ti?

pintura de William Trost Richards

Quanto tempo demorou o meu tempo em-ti?
Quanto segredo me custou as horas longas
em que a espera se anunciava e se estendia no rigor da demora?
Quanto tempo era o meu sem ti?
Quanto silêncio me habitou sem que te habitasse nas longas horas
em que me perdia na hora demorada?


Foi num fim de tarde, enquanto o sol tardava no mar.
O grande cata-vento movia as suas pás
empurradas por um vento sibilino e farto.
Alongava-se o horizonte mesmo em frente
e as quilhas dos barcos empinados, presos na corrente
acendiam luminosidades que a água reflectia.
Chegaste com o teu sorriso branco mascarado de vésperas
de manhãs erguidas no sono que a noite compõe
...........................................em horas remexidas e soltas.


José Manuel Capêlo, A Noite das Lendas, Aríon, 2000

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