sábado, 28 de fevereiro de 2009

DA TUA BOCA

Rapariga com brinco de pérola, de Johannes Vermeer


Da tua boca ergueram-se os olhos da minha infância
Da tua boca saiu o meu gesto antigo
Da tua boca chegaram-me os tempos de rebeldia
Da tua boca ensaiei os primeiros contornos
Da tua boca escutei as primeiras vozes
Da tua boca caíram os dias e levantaram-se as noites
Da tua boca correram imagens que já esquecera
Da tua boca inundou-se-me o gesto
Da tua boca cresceu o meu sorriso
.
Olhei um ponto perdido não sei onde em que distância
e fui feliz para casa onde sabia encontrar a tua boca
.
José Manuel Capêlo, Fala do Homem Sozinho, Editora Danúbio, 1983

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