domingo, 14 de setembro de 2008
só me tem minha mãe
Só minha mãe me tem
nas sombras da noite em que caminho
das figuras que andam e não estão
pois delas me afasto e me avizinho.
É este caminhar que me trás preso
é este sentir que não me deixa
é pensar que outro dia vem em sossego
e se vai mais áfrente como queixa.
Lá encima, as nuvens que se vão esfumando.
Cá embaixo, este silêncio azedo que não cura
migalhas de meus passos, caminhando
nesta estrada que secando, fica dura.
Pois se tenho nas mãos o pensamento
se procuro com os olhos o que não vem
é dizer que meu mundo é um lamento
e que só me tem minha mãe.
José Manuel Capêlo, Corpo-Terra, Trelivro, 1982
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