terça-feira, 7 de outubro de 2008
O delírio é uma sensação vaga e estranha
O delírio é uma sensação vaga e estranha
uma causa que o medo não pondera
como se a floresta dos dias
crescesse com a mesma força
com que desponta o indistinguível entardecer
na radiosa madrugada dos raios vivos.
Não me apetece dizer que a minha sensação
é triste ou é rara ou se perde
no correr do alheamento
O que me importa falar
não é de mim
nem do que se me sente sentindo
mas da irreparável força
que me sustenta a cabeça
me abraça os ombros
me beija a face
me entra pelos ouvidos.
Estou igual a mim sem o ser
O universo é a pirâmide de Keops
posta nos olhos dos homens
durante a noite. Por isso
pretendo observar o verde Nilo
roçar as arestas de Israel
em campos do Egipto.
Como é tardo o delírio nas camas da Índia
com a Babilónia solta nas florestas de papel
Entre o riso e olhar
há um gesto que se põe. O final
é o grito contra a derrocada do Império
nas mãos do encoberto de Sagres.
José Manuel Capêlo, Margens, Perspectivas & Realidades, 1983
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