o horizonte guardo e calo.
nessa lembrança que o tempo traz, formigueiro da alma que os anos juntaram, há dias de sombra e noites de luz que recordam os homens e esclarecem montanhas.
levantei-me cedo - quantas noites, quantos dias ? - de acordar farto e nada feito, o azul a inventar as estrelas e a polar razão dos olhos em vigília. todos os ecos, todas as distâncias, assim guardado na minha ilusão deslumbrada.
era-me fácil assim feito, preso a tudo, que não era o todo, aguardando as horas no seu passar ligeiro como aves suspensas por cima dos telhados, saudade dos dias que me retiveram virgem, rigores e muitas imagens a crescerem dos dedos.
o horizonte guardo e calo na secreta memória.
José Manuel Capêlo, Enche-se de Eco a Cidade, Átrio, 1989
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