pintura de John Constable
para a Lynne
Quantas noites tem o silêncio?
Quantos dias tem o passado?
Oh, meu amor do norte
tudo é vago e impreciso
nesta colmeia que sustento nos dedos
e que vejo fugir
como o sol foge às nuvens.
Quantas noites tem o silêncio?
Quantas horas tem o teu riso?
Oh, meu amor do norte
quanto silêncio pesa e me abre
se as árvores que lá fora espreitam
fossem testemunhas do princípio e fim
dos meus passeios de todos os dias.
.
Quantas noites tem o silêncio?
Quantas mãos tem o teu rosto?
Oh, meu amor do norte
se a distância fosse o mar
e o próximo a tua mão
ia contigo à procura do vento
deixando o poema à terra e ao sol.
.
Quantas noites tem o silêncio?
Oh, meu amor do norte
nada na terra tem a forma do teu olhar
nem a simplicidade do teu sorriso.
.
José Manuel Capêlo, Rostos e Sombras, Sílex, 1986
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