Cai breve a frágil melancolia dos gestos pelas ruas violentas e soltas. ante a certeza, um olhar, e a taciturna tarefa de um cão que empreende um vaivém milimétrico, na tarefa de ir procurar comida e farejar o vento. nada do que resta é igual, nem sofre a aparência de uma face de olhar transtornado, com nuvens soltas a limparem o céu, mulheres sentadas procurando pontos irregulares, homens de olhar parado e cabelos brancos alinhados, casas ordenadas nas silhuetas da grande cidade, escadas que sobem nos passos que descem.
tudo é natural, tudo é silêncio. tudo pesa como tudo passa. labirintos são os olhos que se mortificam e as plantas que teimam em crescer no arredondado dos jardins, os bancos de madeira roídos pelo tempo, pelo sentar dos anos, pela fuga dos homens por entre a velhice. seguindo todas estas razões, o silêncio, que é toda a razão e nenhuma.
José Manuel Capêlo, Enche-se de Eco a Cidade, Átrio, 1989
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