sábado, 24 de janeiro de 2009

palavra inicial III

Cidade, de Léopold Survage
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nada do que me é novo é verdadeiro. entusiasmam-se as frases e cresce o descalabro. formam-se as imagens e inverte-se a realidade. apagam-se as luzes e refina-se o movimento. tudo é delírio e o anquilosado do gesto. seguras, só as sombras que deslizam incapazes de serem outra coisa. tudo é igual, tão o-mesmo que arrelia e confunde. busco a noite dos silêncios vários e cada um deles, é um gesto desprendido e amável. o mesmo não posso dizer das vozes que me cercam, tão alheias e tão presas às marés de outros mares. o oceano é largo e não se ilude. tem o seu ritmo e o seu fulgor. é força e ânimo e imenso delírio. qual Homem, qual Mostrengo, qual Adamastor de bíblica e mitológica forma!?

José Manuel Capêlo, Enche-se de Eco a Cidade, Átrio, 1989

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