domingo, 21 de março de 2010

Reencontro Inevitável (explicação do nome do blog)


Quando ainda era criança, pouco mais que de colo, tinha dois amigos imaginários, a Bi com quem brincava de dia, e um herói imaginário, uma espécie de príncipe encantado que povoava os meus sonhos e a quem eu chamava de José Manuel.
Eu acredito na reencarnação, na nossa alma imortal que já viveu outras vidas e vai voltar para viver de novo com o fim de se purificar até que um dia se possa juntar à luz que é Deus.
Por volta dos meus oito anos mudei para um colégio onde fui encontrar como colega de classe a irmã do Zé. Não me lembro dele dessa altura apesar de ele frequentar esse mesmo colégio numa classe mais avançada.
Quando comecei a ficar um pouco mais crescida comecei a observar com atenção todos os rapazes chamados José Manuel pois estava convencida que um rapaz com esse nome seria a minha outra metade.
Por volta dos meus quinze anos conheci o Zé melhor quando comecei a ir passar o mês de Setembro na terra do meu avô, na Beira-Baixa. Ele ia também para lá para casa de uma prima minha e dele. Ele era primo por parte da mãe enquanto eu era prima por parte do pai. Foram três ou quatro anos de férias inesquecíveis, maravilhosas em que ele, grande dançarino, era o meu par ideal especialmente a dançar Rock. Eu gostava imenso dele como amigo e havia já da minha parte uma centelha de chama em relação a ele mas para mim ele era o Zé e nunca o associei ao José Manuel dos meus sonhos.
De qualquer modo apesar de se passarem imensos anos em que nos víamos só de longe em longe
num lançamento de um livro seu ou outro acaso qualquer, ele nunca saiu do meu pensamento e do meu coração. Ele vivia no meu pensamento. Como o meu irmão era seu amigo perguntava-lhe o que era feito do Zé Capêlo e assim fui sabendo noticias suas até que o reencontrei em 2008.
Foi curioso o nosso encontro. Eu guardava religiosamente um retrato que eu tinha feito dele em Pedrogão Pequeno quando eu tinha dezasseis anos. Resolvi publicar esse retrato no meu blog "Constante Procura" com um pequeno texto em que falava dele. Ele encontrou por acaso o desenho e telefonou-me. A partir daí passamos a falar ao telefone todos os dias e de tempos a tempos a encontrarmos-nos ora em Lisboa se ele vinha cá ou em Campo Maior onde ele vivia.
Pouco tempo depois do seu primeiro telefonema relacionei com espanto que o meu amigo Zé se chamava José Manuel. Há muitos anos que tinha esquecido o meu herói dos sonhos de infância e a minha procura pelo tal José Manuel. Daí vem o nome do blog que fiz para divulgar a sua obra poética belíssima "Reencontro Inevitável". Penso que o nosso re-encontro estava já escrito nas estrelas. Espero reencontrá-lo de novo quando partir deste mundo. Ele deixou em mim um vazio impossível de preencher, ele levou consigo parte da minha alma.

Emília Matos e Silva - Madressilva