sexta-feira, 31 de outubro de 2008

tela

Angelus, de Jean François Millet
.
.
Calam-se as vozes, pensam-se saudades.


José Manuel Capêlo, corpo-terra, Trelivro, 1982

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Hoy el Mar es Mas Azul Que el Cielo...

pintura de Francis A. Silva


Mira, amor!
Hoy el mar es más azul que el cielo!

No sé por qué, pero necesitaba decírtelo
porque, sintiéndome cansado, sé perfectamente
que mi fatiga no viene de la tierra, sino de ese lugar azul,
de ese largo camino extenso que me hace pensar.

Por otra parte, dejé a medianoche
mi silencio al otro lado de la puerta.
Cuando llamaste, qué oíste?
No fue un torbellino de semblantes
con las voces de mi proprio eco?

Sí, amor, puedes estar segura.
Hoy el mar es más azul que el cielo!
.
José Manuel Capêlo, Y si no existieses? Antología, Olifante, 2002

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

três poemas para Bárbara

pintura de Pierre Auguste Renoir


III

há quanto tempo? será que são dias? quantos? não decerto uma vida. gostaria que sobrassem as noites, muitas estrelas, um sem fim de imagens a serem rio. dos teus olhos, que eram castanhos, bastava que brotasse uma terra a crescer em florestas. haveria sinais de árvores e de sombras. do lado de lá, só o rio, quedo e frágil, ondeando pequenas vagas como série de vácuos, ameias hirtas, frias, sem sentido. só o teu sorriso poderia ser a luz do eco. o teu silêncio, vale mais que muitas notas de música: uma sinfonia completa. começo a (d)escrever(-te) com o cansaço dos ombros.

Bárbara no centro da terra. qualquer lugar, é o centro da terra.

José Manuel Capêlo, Enche-se de Eco a Cidade, Átrio, 1989

terça-feira, 28 de outubro de 2008

três poemas para Bárbara

pintura de Paul Cezanne

II

mas Bárbara estava ali, serenamente distante, suavemente recolhida, aparte o movimento e as vozes, a comunhão do almoço de grandes mesas estendidas e apinhadas, pão espalhado em múltiplos cestos, jarros de vinho da região profusamente dispostos à distância de dois palmos; pratos, garfos, facas, copos, terrinas onde se acabara a caldeirada; azeitonas metidas em cachoeiras de barro; a luz do sol a entrar pelas vigias semi-abertas; a luz das lâmpadas a compensar a muita sombra que existia nos cantos mais resguardados da sala. observava Bárbara no seu silêncio, no seu olhar posto em qualquer ponto que só ela descobria, em qualquer horizonte que a apatia mostra no seu desencanto, por algo que (só) a mais infinita tristeza, sabe, era Bárbara, fingidamente presente.

José Manuel Capêlo, Enche-se de Eco a Cidade, Átrio, 1989

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

três poemas para Bárbara

pintura de Gustave Caillebotte

I

estás inerte como o desconsolo, Bárbara.
estás inerte como os dias que se levantam tristes, com a luz afogada para lá das nuvens, inerte como o terrível pesadelo a acordar-nos durante o sono ou como a palidez da rua molhada por tanta chuva.
e o teu desconsolo, Bárbara, é o meu olhar.

José Manuel Capêlo, Enche-se de Eco a Cidade, Átrio, 1989

domingo, 26 de outubro de 2008

Há um lugar-ontem onde se distingue o plano da cidade

pintura de Lyonel Feininger

Há um lugar-ontem onde se distingue o plano da cidade
o efeito da luz, as memórias dos vivos e dos mortos
lugar onde, as nuvens se aproximam da linha da terra
e se esquecem de passar pelas alturas dos deuses.
Sabe, oh! alma inquieta e temperada, que os rituais
se fazem, desprendendo os olhos do círculo
o corpo da terra, os painéis das paredes.
Tudo é oculto e breve. Tudo se vê.
Há um segredo em cada um de-nós. Um segundo ilusão.
Um segundo verdade. Um segundo mentira.
Fingi-lo, é percorrermos o caminho estreito
da nossa miséria presa às cadeias do vento.

José Manuel Capêlo, A Voz dos Temporais, Átrio, 1991

sábado, 25 de outubro de 2008

recordações

pintura de Jackson Pollock

.
Recordações
são fotografias mal impressas
são rostos em multidões dispersas
são credos de farsas diversas
são plantas de cores transversas
são mundos de sombras remessas.
.
Recordações
são mãos que se dão
são restos ou côdeas de pão
são fracassos de sangue de irmão
são olhos que nunca verão
são monstros arredios de chão
são tudo e ... nada são!


José Manuel Capêlo, corpo-terra, Trelivro, 1982

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Leituras

Livro, de Vincent Van Gogh

Lê, primeiro, os labirintos, as cavernas, as grutas. Lê, a seguir, os montes, os vales, as planícies. Lê, ainda, os riachos, os rios, os mares, os céus. Lê, enfim, homem e humano.

José Manuel Capêlo, Rostos e Sombras, Sílex, 1986

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Princípio VII

pintura de Amadeo Mogigliani

Quando vieres
vem serenamente
com as mãos abertas
como se o braço do rio
por entre as colunas
te oferecesse
o acolhimento triunfal
no meio dos gestos dos homens
confusos.

Quando vieres
vem
mas imagina
que o mundo
são os teus olhos abertos.


José Manuel Capêlo, Rostos e Sombras, Sílex, 1986

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Viesses tu, oh! amada,

pintura de Anthonis van Dyck

Viesses tu, oh! amada,
propor-me o tempo do devir
no silêncio da tua ausência.


Viesses tu dizer-me
que a lição da vida é um número transitivo
explicado apenas pela solidão da casa
pela suspensão dos sonhos ou pela sobrevivência das
---------------------------------------------ambiguidades
Oh! quanta antiguidade existe nisso tudo!...

José Manuel Capêlo, A Noite das Lendas, Aríon, 2000

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Longos cabelos louros

Venus frente ao espelho, de Peter Paul Rubens


Longos cabelos louros tem a noite
e a saudade queima no meu peito.
Longos cabelos louros são longínquos
neste fogo que se me magoa desfeito.

Longos cabelos louros são imagens
que o vento leva e não devolve.
Longos cabelos louros tem o tempo
que por mim passa e se dissolve.

Longos cabelos louros são a força
deste desespero que não aguento.
Longos cabelos louros esvoaçam
levados pela força e pelo vento.

Longos cabelos louros são passado
dum tempo que foi meu e não o quis.
Longos cabelos louros tem a memória
de tudo o que queria, mas não fiz.


José Manuel Capêlo, Y si no existieses? Antología, Olifante, 2002

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

ode do pequeno órfão

Jovem com caveira, de Paul Cezanne
a meu pai
.
.
Uma flor, meu pai, nos anos da tua morte, jovem, sem sentido. Parece que te esqueço, não é? Mas não! Tu bem sabes... Há dentro de mim, o teu sorriso, a tua boca, a tua alma. Tudo em ponto pequeno. Mas perfeito! Ah! meu pai, como as pessoas se enganam a pensar que te esqueço. Como? Sim, como, se sou a tua parte?(Até eu que pareço tão distante de ti!...) Sabes como sou o contrário das minhas aparências.

Lembras-te, pai, a tua alegria quando nasci? O teu nervosismo? Foi numa noite de inverno puro. Na tua terra. Na nossa terra. Coberta de neve. No meio da cama que era a tua. Tua !!!
Decorridos três anos, no meio do meu silêncio de procura, perdi-te. Que haveria de fazer? Não podia procurar o teu rosto, nem as minhas desculpas, nem a minha infelicidade de menino órfão, o gesto que não sabia a África, o quente arrefecido do meu coração que nunca te pediu.

Ah! como nada fazia sentido. Eras tão jovem!...
E eu?
Não havia sentido. Nada podia mudar. A marcha fúnebre varreu a mata. Os tambores tocaram pela madrugada. Vieram homens de todos os lados. Traziam nas faces negras, lágrimas verdadeiras e filhos pelas mãos; e eu, no meio deles!...
Ah! como os homens não têm olhos...
uma mulher de luto, chorava. Dois filhos órfãos. Como era feliz a mocidade de ambos que ninguém via. E para quê ver, se ninguém escutava? Uma mulher de luto com dois filhos órfãos. Sempre de luto. Sempre, perpétuamente, órfãos.
Um dia, bem mais tarde, perguntei por ti. Responderam-me que estavas onde estavam os santos. Fui à capela mais próxima e rezei como se fosses um santo. Eras tão novo para seres santo?!... Não eras pai? Ajoelhado no banco, no meio do ar refrescado de incenso, lambi o sal do meu suor refrescado de lágrimas. Elas escorreram quando dos meus oito anos. Era tão cedo, tão cedo para chorar!...

Vinhas numa pequena urna. Pequeno. Mais pequeno que os meus oito anos. Tão pequeno que mal cabias no meu choro quando te depositaram no ossário que te serviu de último resguardo. Sim, tinha oito anos. Oito plácidos e inocentes anos. De mão dada com tua mulher, sempre de luto, tendo do outro lado a tua filha, ainda mais pequena que eu, desci a avenida do grande cemitério até ver depositarem-te na pequena gruta, em relíquia - a única! que te poderiamos deixar.
.
Nada havia a dizer entre nós, a não ser, o silêncio solene do acto. Havia a tua família mais chegada. E a outra mais afastada. Vinham rezar pelos teus ossos. A lembrança. Uma lembrança lavada em anos. Sentida, sem o mínimo de utilidade. Que poderia representar o teu corpo morto, depositado em ossário?
Tinha oito anos!

Uma flor, meu pai, nessa manhã submersa de ecos e fantasmas que me apareciam. Foi a minha cavalgada de desespero. Uma corrida sem fim. Ainda hoje a vivo. Viverei... Há dentro de mim, o teu sorriso, a tua boca, a tua alma. O nosso reino será, sei-o, o infinito do nosso encontro!

José Manuel Capêlo, Odes Submersas, Átrio, 1995

domingo, 19 de outubro de 2008

em times square

gravura Times Square, de Matthew Daniels

.
Rasgaram-se-me as rosas
no encadeado dos dedos
bem como o apetite
de quem tem a raiva nos olhos...
Parti à procura da luz
que vinha do sexo
(por onde me debruçava)
acabando por encontrar a
tua face
enamorada de outras rugas!
Times Square
não tinha mudado de sítio
nem tão pouco
as mãos dos pobres
que se estendiam a cada canto.
Quando plenamente te ris-te
compreendi que tinha
outro céu
à minha frente...


José Manuel Capêlo, corpo-terra, Trelivro, 1982

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Tarde em Outubro

pintura de John Constable


Se (todo) o mistério é fingido, grito o meu eco por o conseguir esconder.

José Manuel Capêlo, Rostos e Sombras, Sílex, 1986

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Vazio total

pintura de Camille Corot

Há sempre uma voz em cada infinito
e um infinito em cada silêncio.
Só que não há um silêncio
em cada voz infinita.

No entanto
há sempre um quotidiano em cada alma
e uma realidade pouco habituada.

José Manuel Capêlo, Rostos e Sombras, Sílex, 1986

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Deixaram-te no sítio onde hoje estás

pintura "Os pastores da Arcádia" de Nicolas Poussin

Deixaram-te no sítio onde hoje estás
-rodeada de pinheiros e heras movediças
de fontes de água e morros alcantilados
de nudez descoberta e terra virgem.

Lembra-te d'as horas, porque não te poderá lembrar
o sossego, a eternidade, a riqueza vã
das águas... Lembrar-te-ão os que te amaram
e contigo foram amantes, porque jamais esquecerás
que o sol que te brilhou, foi nuvem certa
no próprio lugar em que passavas.

José Manuel Capêlo, A Voz dos Temporais, Átrio, 1991

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

em infinito de montanhas penumbradas

pintura de William Turner

pudera fingir-me ausente .nos meus gostos.
pudera querer apenas, o infinito do horizonte
em imagem penumbrada e feérica e com a arrelia nas mãos
construir chaminés altas de altos fornos
para que a lua não estivesse a olhar-nos fingida e presente.

pudera fingir-me apenas
como se tudo viajasse em olhos de montanhas.
pudera ter o que as mãos consentem e divagam
nos rostos dos quadros que enchem esta casa de silhuetas estáticas

abrir a porta e sair, sem nada dizer
ou apenas, que viesse o frio.

José Manuel Capêlo, Enche-se de Eco a Cidade, Átrio, 1989

domingo, 12 de outubro de 2008

Silêncio azul

pintura de Francis A. Silva

Neste silêncio de rochas talhadas
nesta maresia de ecos distantes
soam contornos de bocas fechadas
em palavras de amantes.
.
José Manuel Capêlo, Rostos e Sombras, Sílex, 1986

sábado, 11 de outubro de 2008

Abandonar as minhas mãos aos teus olhos

pintura de Alex Katz


Abandonar as minhas mãos aos teus olhos
nesta noite de reflexo real-intenso
é saber que o teu corpo tem vários ecos:
um todo irreal, invulgar, imenso.

José Manuel Capêlo, A Voz dos Temporais, Átrio, 1991

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Como se nada soubesses! Como se nada te dissesse

pintura de Winslow Homer


Como se nada soubesses! Como se nada te dissesse
a aragem do vento ou a memória dos temporais!
Recorda-te do astro grande na noite de ouro
nos filhos que levaste, cegos, ao altar dos sábios
e que deixaste esquecidos nas casas de almas gentis.

José Manuel Capêlo, A Voz dos Temporais, Átrio, 1991

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

acrópole

Escultura - Apolo servido pelas ninfas - François Giraudon
.

Quanto tempo tive entre
poemas
labirinto amargo duma passagem
pelas cidades da alegria.
E não foi a rir
que as passei!

José Manuel Capêlo, corpo-terra, Trelivro, 1982

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

A minha alma

pintura a pastel e carvão de Dante Gabriel Rossetti
.
A minha alma é um avião que plana sem cessar. Um misto de rio e piscina. Uma árvore apanhada entre golpes de mão. Uma bóia no momento em que a levantam para ser lançada. Uma face negra em pleno dia. Uma ninfa maníaca de ser ninfomaníaca. Uma nuvem suspensa por cima dum dos muitos morros de uma cidade maravilhosa. Um viajante parasita num ramo de palmeira.
A minha alma é de tal maneira espelho, que a obrigo a ver-se todos os dias na imagem dum outro espelho.
.
José Manuel Capêlo, Rostos e Sombras, Sílex, 1986

terça-feira, 7 de outubro de 2008

O delírio é uma sensação vaga e estranha

pintura de Georgia O'Keeffe


O delírio é uma sensação vaga e estranha
uma causa que o medo não pondera
como se a floresta dos dias
crescesse com a mesma força
com que desponta o indistinguível entardecer
na radiosa madrugada dos raios vivos.

Não me apetece dizer que a minha sensação
é triste ou é rara ou se perde
no correr do alheamento
O que me importa falar
não é de mim
nem do que se me sente sentindo
mas da irreparável força
que me sustenta a cabeça
me abraça os ombros
me beija a face
me entra pelos ouvidos.

Estou igual a mim sem o ser
O universo é a pirâmide de Keops
posta nos olhos dos homens
durante a noite. Por isso
pretendo observar o verde Nilo
roçar as arestas de Israel
em campos do Egipto.

Como é tardo o delírio nas camas da Índia
com a Babilónia solta nas florestas de papel
Entre o riso e olhar
há um gesto que se põe. O final
é o grito contra a derrocada do Império
nas mãos do encoberto de Sagres.


José Manuel Capêlo, Margens, Perspectivas & Realidades, 1983

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Silenciosa é a luz e descobre-nos. Ontem, tinha sido um dia

A esfinge e a quimera de Louis Welden Hawkins
.
Silenciosa é luz e descobre-nos. Ontem, tinha sido um dia
facilmente certo, com as cores de um princípio
que as mãos mal tocavam. Ou se tocavam, não estavam lá
porque presas de fantásticos ritos, descobriam
os nossos corpos ligeiros. Havia até, o segredo
de todos os aspectos que se retinham. Nada era nada
porque tudo em-nós era pleno. Apolo e Eurídice
em nuvens suspensas e estáticas. Mas era dia, na tarde
porque a noite, que tinha sido nossa, mudara-se
para o lugar onde nada mais restava nem estava.

José Manuel Capêlo, A Voz dos Temporais, Átrio, 1991

domingo, 5 de outubro de 2008

Nunca idade nenhuma é boa para se morrer

gravura de Albrecht Dürer - O cavaleiro, a morte e o diabo
.
Nunca idade nenhuma é boa para se morrer.
Mas quando a morte vier, que venha
sem que (na altura) nenhuma pena tenha
de fazer baixar quem tiver que ser.


José Manuel Capêlo, Margens, Perspectivas & Realidades, 1983

sábado, 4 de outubro de 2008

o horizonte guardo e calo

pintura - Melancolia - de Giorgio de Chirico

o horizonte guardo e calo.

nessa lembrança que o tempo traz, formigueiro da alma que os anos juntaram, há dias de sombra e noites de luz que recordam os homens e esclarecem montanhas.

levantei-me cedo - quantas noites, quantos dias ? - de acordar farto e nada feito, o azul a inventar as estrelas e a polar razão dos olhos em vigília. todos os ecos, todas as distâncias, assim guardado na minha ilusão deslumbrada.

era-me fácil assim feito, preso a tudo, que não era o todo, aguardando as horas no seu passar ligeiro como aves suspensas por cima dos telhados, saudade dos dias que me retiveram virgem, rigores e muitas imagens a crescerem dos dedos.

o horizonte guardo e calo na secreta memória.

José Manuel Capêlo, Enche-se de Eco a Cidade, Átrio, 1989

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Nunca digas

O sonho do poeta de Paul Cezanne

Nunca digas:
— Estarei aqui para ver!
quando na realidade
tudo o que os dias te trouxeram
é pura realidade desconhecida.
Nunca imagines ter uma flor na mão
quando a realidade é o sono
que nos domina.
Por isso, nunca digas:
— Estarei aqui para ver!

José Manuel Capêlo, Margens, Perspectivas & Realidades, 1983

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Em noite de Janeiro

Noite de Alphonse Mucha

Cai a noite em seu silêncio manso
pela cidade iluminada.
O que vejo, é nada.
E avanço...
.
José Manuel Capêlo, Rostos e Sombras, Sílex, 1986

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Amanhã

pintura de Odilon Redon
.
Amanhã sorrirei como sempre o fiz, sem que me esqueça que me apertaram, com mãos, os ombros deste corpo que anoiteceu em sorriso. O resto, foram dias desesperados por acontecerem.


José Manuel Capêlo, Rostos e Sombras, Sílex, 1986