quarta-feira, 29 de outubro de 2008

três poemas para Bárbara

pintura de Pierre Auguste Renoir


III

há quanto tempo? será que são dias? quantos? não decerto uma vida. gostaria que sobrassem as noites, muitas estrelas, um sem fim de imagens a serem rio. dos teus olhos, que eram castanhos, bastava que brotasse uma terra a crescer em florestas. haveria sinais de árvores e de sombras. do lado de lá, só o rio, quedo e frágil, ondeando pequenas vagas como série de vácuos, ameias hirtas, frias, sem sentido. só o teu sorriso poderia ser a luz do eco. o teu silêncio, vale mais que muitas notas de música: uma sinfonia completa. começo a (d)escrever(-te) com o cansaço dos ombros.

Bárbara no centro da terra. qualquer lugar, é o centro da terra.

José Manuel Capêlo, Enche-se de Eco a Cidade, Átrio, 1989

Sem comentários: