sexta-feira, 10 de julho de 2009

Além do nada só tu!


Danae, de Henri Fantin-Latour

No meio daquele corpo tinha o meu
rasgando-o em beijos de desfolhada;
a hora, não era tempo, não era nada
nem a noite se estendia pelo céu,
nem o sol despontava com a madrugada.

Os lírios lá estavam nos canteiros
bailando na nova luz qu'aparecia;
no meu sono despregado do dia
não via a caminhada dos obreiros
nem o rosto sereno que ao meu lado, dormia.

Oh! quanta luz, quanto desejo
de te ter, mulher!
O teu olhar é um beijo
que o meu corpo só quer.

José Manuel Capelo, Miragem, Editora Montanha, 1978

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