
domingo, 31 de agosto de 2008
Falaram-me do tempo como da saudade

sábado, 30 de agosto de 2008
Princípio III
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
Quantas noites tem o silêncio

quarta-feira, 27 de agosto de 2008
todos estes dias de igual dia

e avanço!
a noite é-me sempre eterna
mesmo nos braços em que descanso
todos estes dias de igual dia
fáceis de tristeza ou alegria
de encanto ou melancolia
em hora frágil e serena.
digo bom dia à noite
e avanço!
José Manuel Capêlo, Enche-se de Eco a Cidade, Átrio, 1989
terça-feira, 26 de agosto de 2008
Meu dia de luz do dia
segunda-feira, 25 de agosto de 2008
Não te estou, não te invento, nem te procuro

domingo, 24 de agosto de 2008
No cume da Guardunha
sexta-feira, 22 de agosto de 2008
Repara como tudo é leve
Repara como tudo é leve
como tudo flui pelo espaço
que nos submerge. Somente o teu sorriso
é branco e começado, como as montanhas
que vemos perto e se sucedem.
Luminoso e marcado, é o lugar
onde se muda o que nos resta
claridade que uma manhã segura
e a fixação imagina.
Repara como os homens têm lágrimas e reflexos.
Como neles, tudo é pleno e se transmuda
porque suspensas são as cores
e os rostos e as claridades
arco-íris que as nuvens não fixam.
Não me perguntes se sou
porque se aqui estou, mais longe estarei
- todos estes dias de iguais dias-
nos dias que me seguram o corpo
me esfregam os olhos fechados
me recordam manhãs que correm breves.
Ainda, a grande alegria que se suspende
das máscaras de imensa poeira repetida.
José Manuel Capêlo, A Voz dos Temporais, Átrio, 1991
quarta-feira, 20 de agosto de 2008
Hoje o mar é mais azul do que o céu!
Olha amor!
Hoje o mar é mais azul do que o céu!
Não sei porquê, mas precisava de to dizer
porque, sentindo-me cansado, sei perfeitamente
que a minha fadiga não vem da terra, mas desse lugar azul
desse longo caminho amplo, que me dá que pensar.
Por outro lado, deixei à meia-noite
o meu silêncio no lado de cá da porta.
Quando bateste, o que ouviste?
Não foi um turbilhão de aspectos
com as vozes do meu próprio eco?
Sim amor, podes ter a certeza.
Hoje o mar é mais azul que o céu!
José Manuel Capêlo, A Noite das Lendas, Aríon, 2000
segunda-feira, 18 de agosto de 2008
Ode natural ou da heroicidade

dos camarotes das praças e dos estádios
domingo, 17 de agosto de 2008
Pascoal de Melo, a rua que dá para Arroios

Todas estas manhãs vêm com as mesmas sombras e segredos
os mesmos vasos de plantas caindo dos parapeitos
o assomar natural dos moradores enfrente, a verem
o que é que vai por essa rua de habituação.
A Pascoal de Melo é uma rua habituada por dois sentidos:
o que desce no sentido do largo de Dona Estefânia
e o que sobe para a avenida Almirante Reis
ou o vice-versa, que é tão igual quanto o anterior
pois tudo lá está, até o jardim Constantino
cada vez menos a ser jardim e cada vez mais a ser Constantino.
Além de habituada é habitada, pelo menos por mim
que já lá moro há mais que quatro mãos e meia
e que pelos vistos teimarei em morar. Não porque desgoste
mas porque nela estou habitado. Em todas as manhãs
todas as tardes, em todas as sombras e segredos
com o olhar dos vizinhos enfrente a assomarem
naturalmente para a rua de dois sentidos: o que desce
e o que sobe na minha paciência de jardim Constantino.
Assim, neste trautear de passadas que passam sem se cruzarem
assoma pelos cantos da boca, um cigarro que uso
enxovalhado e gasto, naturalmente, mas feliz e contente
por me possuir diariamente os lábios, que é o normal
de quem me pretende de tempos a tempos.
Fixo nele o meu instinto de cobaia treinada
repito acelerado os cânticos que o velho bagaço me ensinou
e corro para a minha rua de mãos abertas ou cerradas
a fustigar o vento que por mim se cruza. Lá para trás
os grilos cantam nas sobrancelhas dos diáconos
com as mãos colocadas, uma, na falda da sotaina
a outra, na trabalhada madeira de múltiplos e confusos segredos
olhos no pequeno vitral que desponta do sacro ofício
e toda a mente a embebedar-se do espanto dos crentes.
Para já, resta-me a rua que dá para Arroios
para os passos do nupcial Camilo, transportando Ana
placidamente de encontro à mão secreta do encontro;
de Gomes Leal, remendando o quarto de um amigo
por uma noite ou muitos dias (conforme a fase da Lua);
de Fernando Pessoa, de casa de uma tia que tinha por dever
ir passar férias esotéricas à Suíça ou aos Alpes
não se esquecendo de avisar o sobrinho de que lhe
continuasse a enviar cartas de pressagiante ocultismo;
ou, tão pouco, de Raul de Carvalho, em descidas
e subidas, com a artereosclerose a enegrecer-lhe as veias
construindo em Elsinore, o canto oculto da mulher.
Da minha rua, saem fascinados os ecos da noite.
Os caminhos são idênticos aos caminhos passageiros
aos múltiplos cigarros acesos, às chamas soerguidas
nos contornos dos alabastros de casas palacianas.
Restam poucas, nas apagadas chaminés de fumo para dentro.
Espreito da minha pequena janela debruçada sobre as árvores
a minha rua de dois sentidos: o que desce e o que sobe
na minha eterna paciência de jardim Constantino
virado, sempre, na mesma posição; isto é:
e costas para o mundo dos pardais que é a parte da frente
de todos os homens que caminham como eu. Aparentemente!.
sábado, 16 de agosto de 2008
Oh! dia fulgurante de estrelas e de luzes
Oh! dia fulgurante de estrelas e de luzes
responsável único por esta demanda de ecos
José Manuel Capêlo, A Voz dos Temporais, Átrio, 1991
quinta-feira, 14 de agosto de 2008
Hei-de partir para a Nova Índia com as mãos que tenho no peito
terça-feira, 12 de agosto de 2008
tudo pesa como tudo passa
domingo, 10 de agosto de 2008
Deste fim ou começo da terra
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
contigo I
contigo sonho o não sonhar-te
o não te ver só a distância
mais próxima que todo o próximo
a imaginar-te
presa à minha mão de medo e ânsia
contigo sonho o não esquecer-te
o seres sempre a mesma voz
imagem que o fio reproduz
a esbater-se
dentro de ti talvez de nós
terça-feira, 5 de agosto de 2008
quem inventou a minha infância?

Quem inventou a minha infância?
Um quarto escuro onde a luz entra com o movimento. Libertação, insónia, pesadelo, sonho, quimeras, ódio, vigilância, controle, espanto, pânico!
Nas minhas mãos suadas, uma bola de borracha, pequena, vermelha e branca. Na retransmissão do meu olhar, as esquinas cortadas, o tecto branco, a cadeira onde me sentam para comer as refeições. A criada Augusta, magra, de avental branco, feitio piegas. A vizinha da boina que morava enfrente e me oferecia revistas. Adorava-as. Hoje, meras recordações. Tempo passado, morador de incertezas e realidades, figurante dum dia que não virá. Pois é: o tempo corre, não o apanhamos, mas brincamos com ele.
Uma bola de borracha, pequena, vermelha e branca. Havia um parque, uma praceta, um rés-do-chão. Zás, catrapuz... Um pulo para a rua. Uma corrida. Um haver se te havias. Um jogo de berlinde. Um trepar ao monte. Os sapatos empoeirados. As calças rotas. Uma tareia monumental. A minha mãe.
Quem inventou a minha infância?
Era uma vez... O dormir embalado nos braços e na voz que me amava e que aprendi a amar. O soldado que vai para a guerra... Duas lágrimas, um soluço e também a recordação daquele que a abandonou para sempre, sem culpa de o ter feito. Era um dia de primavera, mal o inverno se apagara. Havia sol e céu azul, aves, cânticos e lagos, regiões verdes, amor, infância e morte. Vermelha. Negra. Amarela. Febre, vómito, esgaire. Havia brancos e negros. Os senhores e os servos. O chicote e o trabalho. O lucro e o roubo. E uma bata branca. Rosas vermelhas para uma senhora de luto. Rosas brancas para dois filhos órfãos. Batuque de amigos pela noite adiante.
Cor? Igual, naqueles olhos de quem pudera sempre ajudar. Com um sorriso. Com a mão pelo ombro. A palavra certa na hora certa. Sinos. Rebate à consciência, às almas distantes. Todas vieram na sua qualidade de saudade. A recordação. Imagem...
Quem inventou a minha infância?
Uma senhora de luto, sempre de negro. Conta-me mãe, conta-me. Eras tu muito pequeno, pequenino... Como se eu tivesse crescido, assim de repente, tanto. Doloroso momento. Gostavas de mel ... E o óleo de fígado de bacalhau, mãe?! De papoilas vermelhas, do campo, das ondas... Sim, eu sei... Não sabia nadar e salvei a minha irmã, gente... Da primavera e do outono. Do inverno, da solidão e da aventura... Pare, mãe, pare. Onde estou? Quisera ter palavras e não tenho. Antes, uma fome terrível, esquisita, diferente. E não é de pão. Os meus olhos, as minhas mãos, o meu corpo. Perdoe mãe, continue! Batia-te todos os dias... Sim mãe, continue! Merecia-lo. Perdia-me. Eras pequeno, muito pequeno, eternamente pequeno, sabes?
Quem inventou a minha infância?
Nas terras africanas de Angola, há muitos, muitos anos, um médico, uma família. Capoeiras e galinhas, coiotes e leões. Savana, selva, interior. Cazombo! Princípio e fim de um sonho. De razões. De luz. Sem qualquer pressentimento. O vómito. Bílis. A causa próxima, derradeira. A certeza. Tudo acabou. E a vida?
Uma senhora triste vestida de negro.
O luto na alma. Dois órfãos, menores, pequenos, muito pequenos, eternamente pequenos...
Quem inventou a minha infância?
José Manuel Capêlo, Odes Submersas, Átrio, 1995
segunda-feira, 4 de agosto de 2008
Ode submersa

Se crio imagens, elas fogem-me num repente
como se o sono estivesse pronto a despertar
e a luz que nascesse, acompanhasse a madrugada
nos raios finos e amancebados de tons de oiro.
Podia lá ser o crepúsculo que me agitava!? Podia lá ser!
Paródias, tinha-as tido noite fora desde que encontrara
o plúmbeo vício de me cicatrizar nas esquinas.
Os agiotas e os efebos esvaziavam-me os olhos
procurando na rua, o difícil do meu caminho
entornado de suores, frios encantos a lembrarem
uma mala aberta de recordações por rever
com o fantasma do grande prédio por detrás
que podia ser a frente de qualquer defeito.
Mas não. Era a parte detrás.
Olha o meu amigo Campos... Vai cedo à vida.
Passa no seu ar nervoso de engenheiro naval.
Acena-me um adeus - já que me reconhecera -
e afasta-se no seu passo ligeiro, habitual, de muitas preocupações.
Coitado de mim que olho o engenheiro Campos
cuja manhã, para ele, começou triunfal na Ode Marítima
ode submersa de contratempos e barcos que se agitam
comissários de bordo e amarras de corda
que não sendo manuelinas, são de ancoradouro
repouso de guerreiros na longa travessia do Suez
ainda mais e constante, por não passar pelo Egipto.
Não, não posso ser eu.
Tenho que me endividar pelas esquinas curtas do meu bairro
pois que as outras, estão demasiado afastadas
ou demasiado arredondadas pelos que lá passam.
Mas as do meu bairro conheço-as todas.
Ah! até mesmo os cães, como aquele rafeiro de cor amarelada
que vive por baixo do meu prédio à altura dum ladrar.
E não há ninguém a olhar por eles, nem por mim
dado que não preciso que me olhem como se olham os cães.
Aljubarrota nunca foi o meu quadrado
nem Aljube a minha cela. Tive-os diferentes
de diferentíssimas maneiras, em diferentes ocasiões
e posso gritar que nunca matei
nunca feri nos olhos, os que passavam sob o parapeito da minha observação.
Compêndios de heróis formei-os em criança
como qualquer criança o faz, a criar heróis
ante a luz morna do amanhecer inseguro
frágil trajecto da varanda dum rés-do-chão em salto para a praceta
que era o meu acordar de brincadeiras
o encontrar do dia todo e da noite que me fazia voltar para casa.
Hoje, que tenho outros vícios
não tenho Aljubarrotas ou Aljubes.
Tenho cotos de velas a olharem-me desafiantes
como combatentes de varas largas.
Ouve Caeiro. Que é feito do rebanho que nunca guardaste?
Tu que és bucólico, atormentado e doente, mestre de discípulos
tão geniais como o próprio mestre?
Onde encontraste essa tendência de criares em ti
um outro mundo, oculto de todos, até do teu Deus natural?
Ou não será ele a quem gritas?...
Mas se Deus é as árvores e as flores
E os montes e o luar e o sol
Para que lhe chamo Deus? .Não será?
Tens a fragilidade e a doença duma manhã morna e cinzenta de Fevereiro
a consciência da cor em que a pedra tem parentesco
o gosto de que a pedra seja pedra e não seja estorvo
a admiração de descobrires a realidade das coisas em todos os dias
o de saberes que te chamam poeta materialista
aparte de tu-mesmo saberes que não és poeta! Vês?...
E que outra coisa não é um poeta senão aquele que vê?
Claro que tens razão. Não és poeta. És um supra-poeta da Natureza
fugindo da vulgaridade que encontras nos teus passeios
de sala para sala, livro para livro, pastor para pastor.
A realidade não precisa de ti. Mas toda a realidade precisa de ti, Caeiro!
E tu Reis, presumido e epiléptico, pai dos meus dias
que nunca se vêem porque nunca o são?
Será que Lídia, involuntariamente, te deixou?
Deixa meu caro, porque .o ritmo antigo que há em pés descalços
esse ritmo das ninfas repetido
levaste-o para o Brasil das mil e uma tonalidades de luz
passeando-o nas ruas do desaconchego de nuvens baixas
ruidosas e curvas, atravessadas e ilusórias.
Mas não faz mal, Reis. Surgiste no arquétipo de cirurgião
de mãos remendadas e nervosas, de óculos caindo sobre o nariz
bocas sobre o queixo, mãos sobre o vazio das ancas
efémero e desajeitado, rugindo na tua filosofia
da qual Dirceu de outra Marília.
Mas se te sinto em todas as noites antes das badaladas da meia-noite
é porque comigo dorme Neera, longe dos teus lábios
trespasse do tempo que este próprio me ofereceu
sem que tivesses a fortuna de a possuir.
Descansa Ricardo Reis, porque o ritmo antigo cai com o ramo alto
perante o arquejo de Apolo na curva azul
essa-mesma que os deuses concederam para me tornar crente.
Coitado do Campos que nunca chegou a ser ninguém.
Parecia sonhar e nunca dormia.
Apanhei-o muitas vezes a bebericar borracha dos cigarros que enrolava
metia nos lábios e fumava a pedir cheiro
acompanhado do fato roçado que nunca escovava.
Deixei-o uma noite em plena esquina da minha rua
- que era também a sua -
a mesma rua que subia e que descia quando saía de casa da tia
sem que desse por ela.
Rua formidável a nossa rua, não é Álvaro de Campos?
Tinha o aspecto de uma rua sem sentido
com um largo em cada lado e um jardim no meio.
Era esta a nossa rua. A rua dos desordenados
dos que nunca tiveram cama
mas sempre a dos que tiveram para ouvir e para dar.
É esta a rua da casa em frente uma da outra
que por sinal não tem nada de igual
mas que é tão igual como todas as outras-todas.
Eu tenho o dom de o escutar. Ele é engenheiro e eu aprendiz de mestre.
Falta-me saber coser. O Campos nisso, é entendido.
Entendes-me Campos? Explica lá como é que fazes?
Quando o Campos se põe a andar... nada feito.
Um dia, o Almada disse-me que ele era um mau engenheiro mas um bom poeta!
Perguntei-lhe como é que ele era um bom poeta
se punha a Tabacaria do outro lado de lá da rua?
Entretanto, o Pessoa-Fernando apareceu, meteu-me o seu braço no meu
e lá fomos a falar sobre o Campos.
Disse-me, tal como o Almada, que o Campos era um bom poeta
mas um incompreendido, tal como o Raul Leal ou o António Botto
o Mário Saa, o Ângelo de Lima ou o Mário de Sá-Carneiro.
Haveria de vir o tempo em que todos iriam dizer
que tinham conquistado o mundo sem precisarem de descer
pelas janelas das traseiras ou pelas portas dos manicómios
arrumar a vida e organizar o definitivo
que é o sorriso tímido para quem tem olhos de papel.
O que eu vou fazer, disse-me o Pessoa-Fernando, amanhã, amanhã já
é .organizar o Álvaro de Campos na mesma coisa que antes de ontem
- um antes de ontem que é sempre...
Cedo, beijo o crepúsculo nas manhãs das minhas frias mãos.
Não, não posso ser eu.
Hoje tenho outros vícios...
Ouve Caeiro!
E tu, Reis...
Coitado do Campos que nunca chegou a ser ninguém.
Há saudades nas pernas e nos braços
Há saudades no cérebro por fora.
Há grandes raivas feitas de cansaços.
Sou eu mesmo, que remédio! ...
José Manuel Capêlo, Odes Submersas, Átrio, 1995
domingo, 3 de agosto de 2008
Imagina e sabe

sexta-feira, 1 de agosto de 2008
E se tu não existisses?
um secreto lugar onde se escondem as montanhas?
Se ninguém fosse teu, como da terra os oceanos
e os lugares, os dons da luz e da cor?
Poderias ser como o oco das máscaras e dos falsos ocasos
a vulgar penumbra dos lugares e dos rostos indescritíveis
um sorriso pleno aos lugares dos corpos
rio paralelo duma ponte sem margens, sem dor
sem força. E se tu não existisses? Poderias ser
apenas sorriso que se fizesse em lugar reservado
um olhar por entre os corpos que se movimentam
num recinto de dança, entre abraços de ocasião.
Se apenas fosses esse lugar, talvez que os teus olhos
se tornassem azuis de tanto serem verdes. Sorrir-me-ias
com o mesmo encanto, com que teus lábios suavíssimos
se me sorriam, pois longe está o corpo do homem próximo
como perto, está o meu de beleza indómita e selvagem.
Lembrei-te porque, se existisses, eras meu corpo
nesta terra de alegria. E como é triste esta terra
de alegria-assim, réstia de um lugar onde se vêem
os olhos, que, de tão sedentos, cegos são.
José Manuel Capêlo, A Voz dos Temporais, Átrio, 1991