sábado, 12 de setembro de 2009

Do mundo que é nosso!

pintura de Diego Velázquez


à minha filha Fiona

Gosto de embalar teu sorriso entre meus dedos
acariciar teus cabelos no meu olhar
perguntar se as minhas ideias, são só medos
e se as minhas mãos foram feitas p'ra te amar!?...

Gosto de te levantar, assim, acima
atirar-te de encontro ao ar eterno
ou não fosses parte do meu corpo, minha rima
como outra como tu, sobe, meu olhar terno.

Gosto de buscar nas águas dos rios
entre flores e ramadas que neles caem
como se os teus gritos fossem puros desafios
que nem só do teu corpo crescem ou saem.

Gosto de te ver, de te encontrar onde não estás
olhar a luz, olhar a sombra, um quadro na parede
sermos os dois através de canteiros de lilás
caminhantes num deserto sem ter sede.

Gosto de gritar que és fruto do meu ser,
gosto de dizer que és veia da minha veia,
longo tear dum breve tecer
dum mundo que é nosso e nos rodeia.

José Manuel Capêlo, Miragem, Editora Montanha, 1978

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