terça-feira, 30 de setembro de 2008

Princípio IV

pintura de Vincent Van Gogh

Tão tarde já.
Esquecem-se os dias de apagarem
as horas.
.
No crepúsculo
o silêncio dos ausentes.
.
José Manuel Capêlo, Rostos e Sombras, Sílex, 1986

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Princípio I

pintura de Henri de Toulouse-Lautrec


É a cortina
e o tempo espera.
O que se passa do lado de lá
é o mesmo exactamente que
se passa do lado de cá
que é o lado de qualquer coisa
- realidade triste -
como coisa vista por dentro.

E nada é mais triste
que a cortina
vista por dentro.

José Manuel Capêlo, Rostos e Sombras, Sílex, 1986


domingo, 28 de setembro de 2008

com a serra atrás de mim

aguarela de Fernanda Matos e Silva
.
Nesta tarde de cinza com o sol espreitando ao de leve
nem a minha imagem, nem o meu espaço
apenas, o eterno vazio a dizer-me quem sou
como uma voz que se lamentasse
ou ficasse aflita por nunca atingir o meio da plenitude.
Puxo de vários cigarros e fumo-os avidamente.
No meio deles, reparo
há metade do meu vazio
como no choro de uma criança
que não tivesse lágrimas
como nas badaladas dum sino
que não tivesse horas.
E como é bela a planície ou o arredondado da montanha...
Como é fresca a água que nos dessedenta ...
O voo da ave em imagem acrobática
suspensa
leve.
.
Nesta tarde de cinza
tenho um vazio em mim
de que preciso dizê-lo.
Não é um vazio triste
mas um vazio incompreendido
como a imagem da serra
que se levanta atrás de mim.

José Manuel Capêlo, corpo-terra, Trelivro, 1982

sábado, 27 de setembro de 2008

Brasileira do Chiado

retrato de Fernando Pessoa por José de Almada Negreiros
.
Minha pena de areia branca
carmezim de luar
rosto de fêmea, olhar
quadro (por mim) acabado
Brasileira do Chiado
forno que esquenta e não queima
voz que se ergue e não teima
em nunca mais acabar…
Quem vem por mim achar
o que nunca foi acabado (?)
Brasileira do Chiado
de rostos semi-patéticos
como abecedários poéticos
que se iluminam ao estar…
Ninguém está
nem o próprio mar
que imenso e não tomado
pela Brasileira do Chiado
se alarga em evasão
como a palma da mesma mão
em que não se foi encontrar…
Pela Brasileira do Chiado
é luar
nunca acabado!

José Manuel Capêlo, Margens, Perspectivas & Realidades, 1982

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

azul-lilás (I)

pintura de Albert Bierstadt



Esplêndida esta noite sem sentido.



José Manuel Capêlo, corpo-terra, Trelivro, 1982

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

aos quarenta e oito anos da morte prematura

pintura de Cornelis Norbertus Gysbrechts

para Fernando Pessoa



Nascia a manhã na voz dos galos
— trombetas guturais dos terramotos por se abrirem —
e havia a tua mão a pedir luz
na voz do homem que ia morrer sem saber
que dia seria amanhã. Onde estarias?

Como é louca a noite nos olhos dos mortos.
Tão plena e igual ao olhar dos vivos
que caminham — igualmente
como os prédios enfrente em que a luz não vem.
Secam-se-lhes os cabelos com a cola de pedra
nos lençóis brancos em que nunca julgaram dormir
porque a terra será pequena para o seu silêncio
de estátuas falsificadas pela cor.

Morre jovem quem Deus ama. E é o álcool
que adormece, no infinito, todos os tecidos paralisados
as fibras locomotoras que já não accionam nada.
Mais vale assim, assim serenamente
quando o mar se abre e as nuvens correm paralelas
junto ao rebordo da terra que não deixa vestígios
nem levanta os olhos a dizer que ali está.
Mais do que o tempo de sono é o tempo de frio.
E ninguém está lá para ver que o céu é imenso
e a luz ténue. Que todos têm imagens
e favores a pedir. Que a terra é estranha e a boca seca
nos álamos gelados em que nos encostamos.

Desce o tempo neste tempo
de quarenta e oito anos de morte prematura.
Se tivesses vivido mais uns segundos
o que é que terias deixado? Ah! imenso areal de dunas
a prolongarem-se nas praias. Deixem-me vazio com o teu silêncio
com a tua voz desconhecida que jamais toquei.

Tinha onze anos a tua morte no meu despertar
nesse Janeiro frio, de terra molhada
quando os sinos de Castelo Branco apregoaram
aos ventos marítimos o vagido
do cordeiro da raça triste.
E não foi que nasceste!? Descobri-te
nas pegadas mínimas da incrível juventude
atrás de um reposteiro de noite caída.
e não dormi mais. Sonhei sempre.
Segui os passos que me mandavas dar
como se a terra não fosse o caminho seco
que me destinava a percorrer
mas o rol dos teus versos que ia compondo.

Também eu hei-de morrer jovem. Só que Deus
não me amará como a ti te amou
inifinito de luz à procura dos óculos
no nevoeiro de quarto que se ia formando
à medida do sol que se deixava ver.
Como é louca a noite nos olhos dos mortos.
E eu sem saber se te vou encontrar.



José Manuel Capêlo, Margens, Perspectivas & Realidades, 1982

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

azul - lilás (II)

pintura de Caspar David Friederich


Arrefece a manhã...

que nada arrefece
..................... dentro de mim!...


José Manuel Capêlo, corpo-terra, Trelivro, 1982

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Há um sol azul no meio dos teus olhos

pintura de Paul Gauguin


Há um sol azul no meio dos teus olhos
um vago traço mar entre o teu rosto
silhuetas de mil homens nos teus lábios
enquanto a montanha sobe de encontro ao infinito.

E é um breve aceno no círculo de duas bocas
um riscar ligeiro na linha da onda
um retrato pendurado na parede próxima…
Em cima corre o rio suspenso das margens
e todas as formas têm o andar das ancas
e as pedras, no meio, a lembrarem os teus seios leves.


José Manuel Capêlo, Margens, Perspectivas & Realidades, 1979

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

relíquia

pintura de Ivan Ivanovich Shishkin


Tenho três árvores na montanha
e
nunca sei quais elas são.




José Manuel Capêlo, corpo-terra, Trelivro, 1982

domingo, 21 de setembro de 2008

Há muitas coisas que um espelho não diz.

pintura de Edouard Manet

Há muitas coisas que um espelho não diz.

As cores das tuas unhas, as palavras dos teus lábios, as imagens do teu pensamento. E tudo corre como um dia, um dia pleno como o deslizar de um rio por entre as margens de duas cidades. Podiam ser Bizâncio e Constantinopla. Athenas e Roma. Lisboa e Veneza. Antigamente fazia-se o percurso a pé ou a cavalo. Porventura numa charola ou numa carruagem. Hoje, utiliza-se o carro veloz, o avião ou o helicóptero de uma qualquer companhia privada.
.
Lisboa pendura-se, atrevida, das colinas várias que não se vêem, se não distinguem, cobertas que estão por um emaranhado de prédios que a recobrem numa tonalidade irrespirável. E o desassossego entranha-se, distinto e vário, pelas ruas e avenidas desta cidade mole, farta, confusa; porém, particularmente alegre, quando a noite estende o seu manto memorial pelas alegrias várias, pelas tristezas muitas. Há um código secreto a caracterizar esta cidade; bela de dia. Mais ainda, de noite!..

Mas contigo, há muitas coisas que um espelho não diz.

Como o sol que se enche de inverno e de preguiça. Ou a lua que se espraia de estranhíssimas luzes e de fascinante sossego. Ou ainda, o aquário irremovível de fé e eterno acreditar.

Com eles, sabe-se do prazer e da denúncia. Do silêncio e da habituação. Da realidade e do que se cria. Eu, apenas penso no momento e no tempo, no que é e que será. Tu, vives eternamente!...

Para lá volteiam as sombras
eternamente perdidas, eternamente vagas.
Hoje, é a Hora! ...............Amanhã, o Destino!

Aquela, sou eu! ............ Este, és tu!.

José Manuel Capêlo, Quanto desta terra é, Átrio, 1992

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Um vento de vida

pintura Só de Emília Matos e Silva

Não meu, não meu é quanto escrevo.
Fernando Pessoa

para o António Cunha.

Sabes António,
a vida é um grande cavalo a galope.
Subimos para ele, tomamos-lhe a sela, acomodamo-nos
mas se não tivermos mão
a queda pode ser a última.

Vê António.
A vida é como o vento.
Vemo-lo soprar, escondemo-nos dele, mas lembramo-lo
porque é dele que vem a chuva e o sol
— essa imensa claridade que aparece antes e depois
de tudo o que nasce, habita e desaparece.

No entanto, António,
— e acredita porque to digo sentidamente! —
a vida e o vento são um duo que nos prende, nos liberta e nos magoa
como tudo o que se estende para lá de nós-mesmos
nós, os que fomos indivisíveis e únicos
os que soubemos existir e acabámos por saber
o outro lado da intempérie e do desassossego!

Acredita António,
e porque a vida é um dia e meio
— um dia para nascer e meio para morrer! —
hoje o dia é mais azul.
Tem mais vida e um outro vento.


José Manuel Capêlo
Inédito [2005]

é a terra

pintura de Gustave Courbet

oh céu infinito, quanto do teu ar
é sinal para não ficar!

estou farto deste vento fácil
desta maresia em que se movem as mãos.
estou farto, tremendamente farto
de olhar os passos repisando os chãos.

José Manuel Capêlo, Enche-se de Eco a Cidade, Átrio, 1989

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

as minhas crianças

Crianças na praia de Mary Cassatt


Eu vejo as crianças
as louras e morenas crianças
correndo, tropeçando, caindo
amparadas por dois pés pequeninos
gesticulando dois braços finos
movendo a cabeça de longos cabelos.

Eu vejo as crianças
as louras e morenas crianças
apontando dedos minúsculos em riste
sorrindo um sorriso infantil
gritando palavras aldrabadas
mexendo em tudo, por nada.

Eu vejo-as
procurando o ar e o vento
o sopro e o mimo
a canção e o beijo
a vida que as habita, as leva
para um caminho que de novo
só tem a existência demasiado curta.

Eu vejo as crianças
as louras e morenas crianças
as peças mais belas desta natureza que cria
meus únicos sinos que me despertam pelas manhãs
pontuais, sem ferirem uma única vez
os nossos corpos de adultos e pais.

Vejo-as como ramos verdes
duma árvore quase carcomida
como folhas duma flor mal erecta
como flocos de água dum maremoto quase extinto
como fogachos dum fogo mal aceso
como bolhas de ar dum vento a ficar seco.

Estas
as minhas crianças
as minhas louras e morenas crianças
tornadas sopro, mimo, canção e beijo
lembrando-nos a vida e o tempo
- o tempo -
em que como elas
corríamos, tropeçávamos, caíamos
sorríamos, aldrabávamos, morávamos
na curta existência que então possuíamos.


José Manuel Capêlo, corpo-terra, Trelivro, 1982

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Não me dêem cafés

casal numa mesa de café de Pablo Picasso


Não me dêem cafés.
Detesto cafés!
Os cafés lembram-me os olhos
do novo maquievel.
Enxugam-se as lágrimas
e eu
quero chorar.
Dêem-me os olhos para chorar.

No meio dos olhos dos outros
vejo cafés
e os cafés são os olhos dos outros
que não choram.
Não me dêem cafés.
Detesto cafés!

Têm a alma dos gatos
em noites de cemitério.
E eu
detesto cemitérios.
Se me quiserem acompanhar
dêem-me… (nes)cafés.


José Manuel Capêlo, Margens, Perspectivas & Realidades, 1982

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

A cidade desperta

pintura de Emília Matos e Silva

A cidade desperta.

Ainda não foi hoje
que chegou a vez
de ser hoje!

A cidade adormece.


José Manuel Capêlo, Margens, Perspectivas & Realidades, 1983

domingo, 14 de setembro de 2008

só me tem minha mãe

pintura - Maternidade de Pablo Picasso


Só minha mãe me tem
nas sombras da noite em que caminho
das figuras que andam e não estão
pois delas me afasto e me avizinho.


É este caminhar que me trás preso
é este sentir que não me deixa
é pensar que outro dia vem em sossego
e se vai mais áfrente como queixa.


Lá encima, as nuvens que se vão esfumando.
Cá embaixo, este silêncio azedo que não cura
migalhas de meus passos, caminhando
nesta estrada que secando, fica dura.


Pois se tenho nas mãos o pensamento
se procuro com os olhos o que não vem
é dizer que meu mundo é um lamento
e que só me tem minha mãe.



José Manuel Capêlo, Corpo-Terra, Trelivro, 1982

sábado, 13 de setembro de 2008

Hora terceira

pintura de Albert Bierstadt

Serenamente, como quem tudo lhe apetece. Sonho com a facilidade e com o gesto, com o corpo e com a distância, com a árvore inacessível e com a paisagem inóspita, com tudo o que me preenche e se me esquece. Tenho, realidade minha, a facilidade de esquecer tão segura quanto a realidade de imaginar.

José Manuel Capêlo, Rostos e Sombras, Sílex, 1986

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Mais

pintura de Mary Cassatt


Mais
é a palavra perfeita
na boca duma criança.
É com ela que ela enfeita
um sorriso ou uma esperança.


José Manuel Capêlo, Margens, Perspectivas & Realidades, 1980

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Na serenidade dos olhos

pintura de Sandro Boticelli
para Marianta
Serenos são teus olhos, Marianta
mas vivos como este mar que ora vejo.
Como é triste estar longe e ser desejo
de levar-te ao acaso que me espanta.

Lá, inundaríamos o fogo da nossa arte
escrevendo, pintando, eu sei lá quê…
Mas como é triste, Marianta, este porquê
descrito em poemas e pinturas por toda a parte.

Ah! vá lá saber esta distância
este carril de ferro que nos separa.
A vida é uma vibrátil vara
que ao vibrar, não permite mais que ânsia.

Que mais posso esperar, Marianta
senão cabelos brancos iguais aos teus?!...
Silenciosos e graves são esses estranhos céus
que de força e amargura, têm tanta e tanta.


José Manuel Capêlo, Margens, Perspectivas & Realidades, 1982

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Princípio IX

pintura de Camille Pissarro


Hoje serenamente
a sentir a noite.

Nada é igual.
Tudo se parece.
Até quando
deixaremos de ser-nós?


José Manuel Capêlo, Rostos e Sombras, Sílex, 1986

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Há momentos que nem a noite sonha

pintura de Salvador Dali


Há momentos que nem a noite sonha

Tenho a imagem dum herói crucificado
Na lâmpada da sala menor

Como me custa peregrinar neste País sem vela
sentar-me à varanda do pensamento, olhar para todos os lados
e descobrir numa simples folha, toda a felicidade que o olhar tem.



José Manuel Capêlo, Margens, Perspectivas & Realidades, 1983

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Os teus seios


pintura de Tamara de Lempicka


Os teus seios,
são poucos
mas são seios.
Sei-os,
porque os toco
com mãos ávidas
a suar.
Seios,
só os teus
porque os toco!
Suar
só as mãos
que tocam os teus seios;
sei-os,
porque suam, sem molhar.


José Manuel Capêlo, Miragem, Montanha, 1984

domingo, 7 de setembro de 2008

Olha Daisy

pintura de Adolphe William Bouguereau

Olha Daisy, não me importa que os homens
te olhem, como se fosses a primavera
a despontar com a madrugada
no olhar das plantas que crescem
Tu eras linda, grega, macedónica
como a beleza estática e primaveril
Sonhava nos teus lábios como quem sonha
o universo das plantas, a marginarem
pelo cimento do canteiro sem floresta próxima.

Sabes Daizy? A minha glória é tirar-te
dos lábios do grande pensador e do seu discípulo
vestir-te uma veste de madona
e mandar-te criar os filhos dos outros
como quem os faz pelas bocas das rosas
Tu eras linda, mesmo no voo da tua velhice
pelos recantos dos jardins públicos
da tua serenidade trémula
Amanhã Daisy, virá o sol que nos cobrirá
Mas que importa, se foste a primavera
a despontar com a madrugada
no olhar das plantas que crescem…

José Manuel Capêlo, Margens, Perspectivas & Realidades, 1983.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

azul-lilás (III)

pintura de Kandinsky


Tenho o silêncio das coisas esquisitas.
Só espero
que tudo não passe dum pressentimento.

José Manuel Capêlo, corpo-terra, Trelivro, 1980

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Sonhos

pintura de Claude Monet

Há sonhos que nós sentimos
que ninguém sente por nós.
É tão risonha essa voz
que ao próprio mentir, sorrimos

Só que é dentro de nós
que o sonho nasce e consome
nessa estranhíssima fome
que vivemos, ao estarmos sós.


José Manuel Capêlo, Margens, Perspectivas & Realidades,1984

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Infinito o mar

pintura de Gustave Courbet


Infinito o mar
longínquo
como a nudez
do teu corpo
entre a areia.


José Manuel Capêlo, Margens, Perspectivas & Realidades, 1984

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Eterno Ocidental

pintura de Abel Manta

Nesta rua paralela em que habito
nesta rua de dois sentidos
— sem sentido nenhum —
quantas vezes ela me levou
ao jardim descendente onde repousa
o teu sorriso em forma de máscara?!

Quantas vezes por aí passei
— Raul de Carvalho ao lado
cansado e trôpego na sua artereosclerose esquisita —
sozinho ou com amigos de curta duração
refrescando o meu olhar no teu olhar
ou buscando a tua mão — que lá não está —
num cumprimento invisível e impossível?!

Deixaram-te verde, Cesário, verde
da cor da tua máscara em pedestal
da cor das fachadas que em branco se transformaram
da cor dos telhados que em vermelho se distinguiram
da cor das docas que em negro se mantiveram
carregadas de rio e barcos e Odes Triunfais
que de tanto serem Marítimas
revisitaram Lisboa de sinais, de lendas
de mistério, de Espírito Santo.

Por aqui me vou, no meu passeio, passeando-me contigo
enquanto Lisboa acorda e eu procuro tempo
para escrever um poema, para escrever o tempo.


José Manuel Capêlo, Antologia de Homenagem a Cesário Verde, 1991.