quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Saber o que está tão perto

pintura de George Braque


Saber o que está tão perto
tão seguramente confessado
qual retorno ao que se escreve e se canta
porque nada pode acabar sem ter começado.

Fluído, o que se consome por entre os lábios
- que são restos de hoje e lágrimas de um amanhã
que se inventa, se cria, se muda e se retém.

Não me demovam, porque tudo é luminoso e fluente
próximo e opaco, clareira e vertente.
Imagino-me e não ouso.
Invento e não creio.
Sonho-me e vejo-me um menir isolado.

José Manuel Capêlo, A Voz dos Temporais, Átrio, 1991

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